Não é uma notícia que surpreende. No começo de maio, quando a Xiaomi confirmou a intenção de ser listada na bolsa, a empresa divulgou um relatório que mostra que a saúde financeira de suas operações está no vermelho desde 2017: a receita nesse ano foi equivalente a US$ 18 bilhões, mas o prejuízo ficou em quase US$ 7 bilhões. Em 2016, a situação foi ligeiramente melhor: houve lucro de pouco mais de US$ 77 milhões. Vários fatores explicam essa situação. Um deles é a forte dependência da China. A concorrência cada mais acirrada no mercado chinês, especialmente no segmento de smartphones, tem afetado o volume de vendas no país. A boa notícia é que a companhia aposta cada vez mais na expansão internacional e na fabricação de outros tipos de produtos.
De fato, a Xiaomi ainda é muito lembrada por seus smartphones, mas hoje tem linhas de TVs, laptops, drones, fones de ouvidos e vários outros eletrônicos. Mas, na comparação com os dispositivos móveis da marca, a penetração desses produtos nos mercados em que a companhia atua ainda é baixa. A expansão internacional também vem sendo construída, especialmente na Europa e Sudeste Asiático. Parte do prejuízo atual se deve justamente a isso. Mas uma expansão em ritmo forte só vai ser possível se a empresa conseguir uma coisa: mais dinheiro. É justamente isso o que a Xiaomi quer buscar com a sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). Se as expectativas forem correspondidas, a companhia levantará pelo menos US$ 10 bilhões em sua primeira etapa de venda pública de papéis. A empresa já deixou claro que pretende direcionar o dinheiro obtido a três áreas: pesquisa e desenvolvimento, investimentos e expansão no exterior. Esse é um sinal de que o momento atual é o de gastar. Provavelmente, os investidores interessados terão que jogar com o longo prazo para obter retorno. A IPO da Xiaomi é esperada para o final do mês. Com informações: Bloomberg.