Como ver o histórico de vídeos assistidos no TikTokComo usar a função de texto falado no TikTok [Voz do Google]
Mesmo funcionários com vasta experiência no mercado de tecnologia relatam que a ênfase em produtividade a qualquer custo é incomum. No escritório de Los Angeles, é normal que os empregados passem noites sem dormir e tenham reuniões obrigatórias com colegas do outro lado do mundo. As reuniões, aliás, são um capítulo à parte. De acordo com relatos ouvidos pelos repórteres do WSJ, elas chegam a 85 horas por semana. Com a agenda tão cheia, só mesmo trabalhando depois do horário para dar conta do serviço. Um funcionário disse que precisou mostrar ao chefe que tinha uma condição médica séria — só assim para ser poupado de virar duas noites em claro, trabalhando. Com tanta pressão, muitos passaram a sofrer com instabilidade emocional, além de ganhar e perder peso com facilidade. Vários empregados passaram a fazer terapia para lidar com a situação. Um dos relatos mais impactantes é de uma funcionária. Ela não pôde deixar uma reunião para pegar um absorvente e se sujou de sangue.
Ex-funcionários criticam empresa publicamente
Melody Chu trabalhou no TikTok até novembro de 2021 como gerente de produto sênior. Ela pediu demissão e passou a relatar publicamente os problemas da empresa, por meio de posts na plataforma Medium. Antes do TikTok, Chu passou por Facebook, Roblox e Nextdoor. A ex-funcionária relata que precisou trocar o horário do jantar com o marido por reuniões com colegas da China. Como consequência, eles precisaram procurar terapia de casal. Além disso, seu peso caiu acentuadamente, e ela passou a ter problemas para dormir. Tempo com os pais e saúde mental ficaram abaixo do TikTok na lista de prioridades. Chu deixou a empresa, mas muitos outros permanecem. Um dos motivos para isso é a perspectiva de bons pagamentos quando a ByteDance abrir seu capital. Isso deveria ter acontecido em 2021, mas as autoridades chinesas impediram o processo e exigiram maior segurança de dados. Quem também deixou a empresa foi Pabel Martinez. Ao WSJ, ele diz que seu chefe recusou um fim de semana de descanso, mesmo com seu projeto dentro do cronograma. “Não é assim que a gente trabalha aqui”, ouviu. Outro ex-funcionário é Lucas Ou-Yang, que trabalhava como gerente da equipe de engenharia em Mountain View, na Califórnia (EUA). Em uma thread no Twitter, ele disse que o TikTok pressionava os empregados a acompanharem o cronograma dos colegas chineses. Ou-Yang conta que pelo menos dez gerentes de produto deixaram a companhia em menos de um ano.
TikTok adota cultura “996”, dizem empregados
Um ponto que pode ajudar a justificar tanta demanda é a chamada cultura “996”. Como explica o Business Insider, empresas chinesas adotam um horário de trabalho das 9 da manhã às 9 da noite, seis dias por semana. A ByteDance, dona do TikTok, tem sua sede em Beijing. O governo chinês disse no ano passado que o esquema “996” é ilegal. Segundo relatos de empregados à Insider, a influência da ByteDance é maior do que ela quer que pareça. Apesar de tentar adotar um expediente das 10h às 19h de segunda à sexta, o esquema ”996” ainda é prevalente nos escritórios americanos.
O que diz o TikTok
O TikTok não respondeu ao pedido de comentário do WSJ e do Business Insider. Ao Tecnoblog, a assessoria de imprensa da companhia enviou o seguinte posicionamento: Com informações: Wall Street Journal, Business Insider.