Crítica Pantera Negra: Wakanda para Sempre | O peso do lutoPantera Negra: Wakanda para Sempre tem cena pós-crédito?
A repentina morte do ator Chadwick Boseman, em agosto de 2020, em decorrência de um câncer, pegou todo mundo de surpresa e criou um enorme vácuo. Primeiro porque ele próprio representava muito dessa majestade que o personagem emanava, transformando-se em um símbolo de orgulho negro. E, é claro, para o modo como a Marvel iria tratar disso nas telas. Que Wakanda para Sempre seria uma grande homenagem a Boseman, não havia dúvidas. Contudo, a principal questão é quem seria o escolhido para dar continuidade ao seu legado ao assumir o manto do Pantera Negra e protetor de Wakanda. Pois a resposta finalmente chegou. Atenção: este texto tem spoilers de Pantera Negra: Wakanda para Sempre.
O novo Pantera Negra
Apesar de vários nomes terem sido apontados como possíveis sucessores de T’Challa como o novo Pantera Negra, a verdade é que alguns eram bem mais prováveis do que outros. O mais óbvio de todos era o de Shuri (Letitia Wright), a irmã do herói e uma das grandes surpresas do filme de 2018. Em sua estreia no MCU, a princesa de Wakanda chamou a atenção pelo seu jeito mais despojado e emanando um carisma enorme a ponto de fazer dela uma queridinha do público. Além disso, sua afinidade com tecnologia também lhe daria uma vantagem na hora de assumir o manto do Pantera, pois teria condições de estar em constante evolução. Pois foi exatamente por esse caminho que a Marvel seguiu ao definir que Shuri será mesmo a nova Pantera Negra a partir de agora. Contudo, os motivos para a escolha têm menos a ver com o carisma da atriz ou o fato de a personagem ser uma espécie de Tony Stark remodelado. Na verdade, essa sucessão faz todo o sentido dentro da narrativa. A história de Wakanda para Sempre é sobre luto e legado. Levando em conta o contexto no qual o filme está inserido, sendo essa grande homenagem do diretor Ryan Coogler e de toda equipe a Boseman, é natural que essa seja a tônica da história. E, nesse sentido, Shuri é quem melhor se encaixa na proposta. De todos os personagens, é a irmã mais nova de T’Challa quem mais sofre com a perda do rei. Mais do que o monarca e líder, ele era seu irmão e fica nítido já no primeiro Pantera Negra o quanto ela o admira. Não que isso diminua a dor de Ramonda (Angela Bassett) ou Nakia (Lupita Nyong’o), mas o roteiro é construído para que elas desempenhem outros papéis nessa questão do luto. Para Shuri, a perda de T’Challa é tão forte que ela tem dificuldades de seguir em frente e, por isso, entra numa espiral descendente que a aproxima muito de figuras como Killmonger (Michael B. Jordan) e até Namor (Tenoch Huerta). Eles são personagens que também nunca lidaram bem com a perda, se apegando apenas ao estágio da raiva e, com isso, embarcando em jornadas de vingança. E, durante muito tempo, Shuri flerta com isso. Dessa forma, Pantera Negra 2 constrói essa transformação de Shuri na nova Pantera Negra a partir desse paralelo com os antagonistas e como ela precisa superar o próprio luto para poder dar sequência ao legado do irmão. Essa é a grande jornada da personagem no filme e que torna tudo ainda mais bonito. Tanto que mal dá para chamar Namor de vilão, visto que ele não representa o mal em momento algum. Na verdade, a ameaça com que Príncipe Submarino representa é à própria Shuri: ele é alguém que não consegue deixar o luto e é consumido por isso, convidando a protagonista a acompanhá-lo por esse caminho sombrio. Assim, a transformação de Shuri em Pantera Negra vai além de recriar as ervas de coração ou vestir o uniforme. É ao ouvir as palavras de Killmonger e entender que ela não é T’Challa e tampouco Namor é que ela encontra as forças para deixar a dor da perda para trás e seguir em frente para manter o legado vivo.
O futuro do Pantera Negra
Ainda assim, o futuro do Pantera Negra segue com uma dúvida. Até porque a escolha de Letitia Wright como a nova protagonista da franquia é algo que não agradou todo mundo, visto que a atriz coleciona controvérsias nos últimos anos. Apesar de ser a queridinha do primeiro Pantera Negra, a intérprete da Shuri adotou um discurso negacionista da covid-19 durante o período da pandemia que causou desconforto durante as filmagens. Isso repercutiu também entre os fãs, que deixaram de apoiá-la. Houve até quem pedisse seu afastamento do MCU. E, por mais que Wakanda para Sempre tenha descartado essa possibilidade, há algumas deixas que podem indicar que há espaço para mudança. O filme termina mostrando que Shuri não participa da cerimônia de coroação e que é M’Baku (Winston Duke) quem vai até a cachoeira para reclamar o trono. Não é mostrado o que vem em seguida, mas isso sugere que ele pode ser o novo rei de Wakanda daqui em diante — o que abriria as portas para ser também um Pantera Negra. Outra possibilidade que muita gente apontou está na cena pós-crédito. É revelado que Nakia teve um filho com T’Challa e que a criança cresceu fora de Wakanda para não sofrer com as pressões reais. Mais do que isso, a criança tem o mesmo nome do pai.
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Assim, segundo se especula, essa seria uma solução encontrada pela Marvel para trazer um novo T’Challa para assumir o manto do Pantera Negra no futuro, retornando ao status quo do personagem sem precisar reescalar o personagem que foi de Boseman. Isso porque seria o seu filho — seu legado vivo — seguindo seus passos, o que também é muito significativo. Vale lembrar que essa solução não é nova e a própria editora já fez isso nos quadrinhos. Nas HQs, o Nick Fury original foi substituído por seu filho, também chamado Nick Fury, que é a cara da sua contraparte dos cinemas.