No Brasil, um grupo de trabalho vai desenvolver formas de combater as “fake news”. Ele será composto por membros da Polícia Federal, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Ministério Público Federal.
Ainda há poucos detalhes sobre o novo grupo. No Twitter, a FENAPEF (Federação Nacional dos Policiais Federais) diz que as atividades vão começar “nos próximos dias em Brasília”. A ideia está preocupando alguns especialistas. Francisco Brito Cruz, diretor do instituto de pesquisa Internetlab, diz à Agência Brasil: “essa medida joga para a Justiça Criminal uma tarefa ingrata de definir o que é verdade e de colocar uma pena em que está dizendo alguma coisa, por mais que ela seja perigosa ou odiosa. Se isso se torna regra, pode virar um instrumento de controle do discurso”.
— FENAPEF (@FENAPEF) January 9, 2018 A criação do grupo foi exigida pelo próximo presidente do TSE, Luiz Fux. O atual presidente do tribunal, Gilmar Mendes, já formou um conselho consultivo para pesquisar a influência da internet nas eleições, em especial das notícias falsas. Além disso, a Câmara dos Deputados analisa o projeto de lei 6.812/2017 para tornar crime o compartilhamento ou divulgação de informações falsas na internet. Ele prevê detenção de 2 a 8 meses e multa.
Polarização e WhatsApp
O Brasil é particularmente suscetível a notícias falsas por dois motivos: a polarização política e o domínio do WhatsApp. Este é o diagnóstico de Claire Wardle, diretora da agência First Draft, que fez checagem de fatos nas eleições da França e do Reino Unido. “Quando se tem eleitores polarizados, as pessoas querem se conectar com outras que compartilham a mesma visão de mundo”, diz Wardle à Bloomberg. “A resposta emocional a essas questões é tão forte que elas ficam muito menos propensas a serem críticas”. Tai Nalon, diretora da agência Aos Fatos, acredita que o WhatsApp é um fator mais preocupante que o próprio Facebook. “É uma caixa preta. Você não sabe quantas pessoas foram atingidas pela informação, nem onde ela se originou. Não há como rastreá-la”, diz ela à Bloomberg. A França também cogita medidas para limitar as fake news. O presidente Emmanuel Macron pretende apresentar uma lei que permitirá remover conteúdo falso ou bloquear sites durante as eleições. Com informações: Agência Brasil, Bloomberg.