Quem é o novo Pantera Negra em Wakanda para Sempre?Pantera Negra | Quando Wakanda para Sempre se passa na linha do tempo do MCU?
A trágica notícia sobre a morte de Boseman, em agosto de 2020, pegou todo mundo de surpresa. Tanto que nem mesmo o diretor Ryan Coogler e o restante da equipe que já trabalhava na continuação sabia do seu estado de saúde. O ator lutava contra um câncer no cólon e pouquíssimas pessoas tinham conhecimento disso. Assim, o Marvel Studios trabalhava com a ideia de trazer seu protagonista mais uma vez até a hora que o impensável aconteceu. Tanto que, de acordo com o próprio Coogler, a primeira versão do roteiro já estava pronta quando Boseman faleceu. A ideia era explorar mais da relação de T’Challa com Wakanda e a própria família depois de passar cinco anos desaparecido por causa do blip de Thanos. E, por mais que a tragédia tenha forçado os roteiristas a mudarem tudo na trama, é interessante ver como muitos dos elementos propostos inicialmente se mantém no corte final de Wakanda para Sempre.
Como era a história original de Pantera Negra 2
A Marvel não demorou muito para anunciar uma sequência para Pantera Negra. Com o filme sendo um sucesso estrondoso de crítica e público, o estúdio confirmou já em 2018 que o Protetor de Wakanda retornaria em um filme solo. Com a luz verde, Ryan Coogler passou a costurar a história que queria contar. Isso significa que ele trabalhou durante dois anos nessa trama até ser surpreendido com a morte de Chadwick Boseman. Nesse meio tempo, ele escreveu mais de 300 páginas do que seria o primeiro corte do roteiro, uma versão ainda muito crua da história. Em uma entrevista ao The Official Black Panther Podcast, da Marvel, o diretor conta que chegou a perguntar ao ator algumas semanas antes de seu falecimento se ele queria dar uma olhada em como ficou, mas Boseman recusou, já indicando estar debilitado. De acordo com o produtor Nate Moore, o conceito inicial de Wakanda para Sempre era aprofundar as relações familiares de T’Challa e explorar as consequências do blip na nação africana. Dessa forma, ao mesmo tempo em que veríamos como Wakanda reagiu ao desaparecimento de seu rei durante cinco anos, teríamos um Pantera Negra descobrindo ser pai e aprendendo a lidar com isso. O curioso é ver como boa parte desses elementos foram mantidos no filme que chega aos cinemas. Como a cena pós-crédito revelou, o herói realmente teve um filho que cresceu durante a sua ausência entre Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato. A diferença é que, enquanto o roteiro original iria abordar essa relação de pai e filho com T’Challa entendendo o peso da paternidade e fazendo com que seu legado siga em frente, a revelação foi deixada para os momentos finais para encerrar a grande homenagem ao ator. Ainda assim, a simbologia dessa criança se manteve e até ganhou novos contornos com a despedida de Boseman. Além disso, a jornada de crescimento proposta apenas mudou de foco e passou a ser de mãe para filha, com Ramonda (Angela Bassett) ajudando no crescimento de Shuri (Letitia Wright), que precisa aprender a passar pelo luto da perda do irmão.
As tretas políticas
Quem acredita que o roteiro original de Pantera Negra: Wakanda para Sempre com Boseman teria mais conexões com o MCU do que o que vimos no cinema pode estar bem enganado. Embora os detalhes sobre isso ainda sejam escassos, é possível visualizar como muito da história que chegou às telas se encaixa dentro da proposta mencionada pelos produtores. Como Nate Moore apontou, a ideia era mostrar como Wakanda reagiu ao desaparecimento de T’Challa e como o rei precisa lidar com todos esses problemas depois de sua volta ao fim de Ultimato. E, nesse caso, é possível imaginar a trama atual sendo repetida sem muitos ajustes. Em Wakanda para Sempre, vemos que a Rainha Ramonda assumiu o trono do país e voltou a adotar uma política mais isolacionista. Com o mundo de olho no vibranium, as fronteiras voltaram a se fechar e aquela política de cooperação anunciada por T’Challa no final de Pantera Negra não avançou muito. E é por causa disso que outros países passam a buscar o metal em outras regiões, inclusive no fundo do mar, para a fúria de Namor (Tenoch Huerta). E essa é uma história que poderia se repetir com Boseman no papel principal. Ao voltar do blip, por exemplo, ele veria que sua mãe seguiu por um caminho mais conservador na política externa e seria confrontado pelo Príncipe Submarino da mesma forma que aconteceu com Shuri Até mesmo a apresentação de Riri Williams (Dominique Thorne) poderia ser feita da mesma maneira. Em termos de argumento, seria quase o mesmo filme. A diferença, contudo, estaria na camada que vai além disso. Sem o peso do luto permeando esse roteiro, a jornada do Pantera Negra de T’Challa seria bem diferente e isso mudaria sua relação com o próprio Namor. No caso de Shuri, é a sua dificuldade de lidar com a perda e a raiva que ela sente do mundo que a aproxima do governante de Talocan a ponto de ele propor essa aliança contra a superfície. Caso Boseman fosse o protagonista, fica difícil imaginar como isso seria costurado. Mais provável que Namor fosse apenas uma ameaça.
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O que fazer
De qualquer forma, a verdade é que jamais saberemos como era para ter sido Pantera Negra 2. E é até bom que seja assim, já que Wakanda para Sempre se sustenta muito bem como um excelente filme que mantém o legado de Boseman vivo ao mesmo tempo em que presta uma belíssima homenagem ao ator e ao seu personagem. Segundo o chefe do Marvel Studios, Kevin Feige, essa sempre foi a principal preocupação em torno do filme desde que todos eles foram surpreendidos com a notícia da morte do artista e amigo. “Foi um choque para todos e não sabíamos o que fazer e nem se devíamos fazer algo”, conta o homem do boné. Ele lembra que não demorou para que Ryan Coogler chegasse com a ideia de fazer com que Wakanda para Sempre fosse não só um filme sobre esse luto que todos estavam sentindo, mas também uma enorme celebração a Wakanda e ao seu maior herói. E é o que vimos no cinema.