Parece loucura investir tanto dinheiro em tão pouco tempo, ainda mais se levarmos em conta que a companhia ainda não opera no azul. Mas faz sentido quando analisamos a meta: a Netflix quer terminar 2018 com pelo menos 50% do seu acervo preenchido com produções originais. Só de filmes são esperados mais de 80 novos títulos para o ano que vem. Na categoria anime — outra que vem recebendo bastante atenção por parte da companhia — serão cerca de 30 novas produções. Para bater todos esses números, a Netflix tenta não depender apenas das produções americanas e britânicas. Haverá cada vez mais trabalhos de outras partes do mundo. A série brasileira Samantha é um exemplo: a ser lançada também em 2018, a produção contará a história de uma ex-celebridade mirim dos anos 1980 que tenta desesperadamente voltar à fama.
É um caminho que a Netflix tem que percorrer se quiser continuar relevante. Com 104 milhões de assinantes e presença em quase todos os países, a companhia enfrenta cada vez mais dificuldade para licenciar conteúdo. Ora são distribuidores que fecham contratos de exclusividade com outros serviços, ora são produtoras que preferem investir em suas próprias plataformas de streaming, a exemplo da Disney. As produções próprias previnem o esvaziamento do acervo da Netflix, mas também servem de chamariz. Séries como Stranger Things (cuja segunda temporada estreia no fim do mês), Orange Is The New Black e Narcos são tão bem avaliadas que conseguem, sozinhas, atrair assinantes.
Em entrevista ao Variety, o próprio Sarandos admitiu essa estratégia quando questionado sobre a decisão da Disney de priorizar uma plataforma própria: “temos que nos concentrar na criação de conteúdo que os nossos assinantes não podem viver sem”. Reed Hastings, fundador e CEO da Netflix, fez discurso parecido em carta direcionada aos investidores: “nosso futuro depende de conteúdo original exclusivo, (…) que satisfaça os assinantes da Netflix e a sua grande variedade de gostos”.