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Essa história começou em 6 de abril, quando o programador Foone Turing publicou a seguinte mensagem no Twitter: Por incrível que pareça, a Microsoft não ignorou o pedido. Ok, demorou quase um mês para a empresa dar um retorno, mas ela deu. Na última quarta-feira (4), Scott Hanselman, gerente de comunidade da divisão de desenvolvedores da companhia, confirmou que o código do 3D Movie Maker iria ser aberto. E foi. O código-fonte do 3D Movie Maker está disponível no GitHub sob uma licença MIT, que permite modificação, distribuição e até uso comercial. Ponto para Microsoft! Mas aí vem a pergunta: por que a companhia decidiu atender ao pedido de Turing? Ao Ars Technica, Hanselman respondeu: “porque nunca houve um aplicativo como esse. Mesmo agora, 25 anos depois, existe uma comunidade animada com essa ferramenta”.
O que o 3D Movie Maker tem de especial?
Hoje, o programa pode ser resumido em uma única palavra: nostalgia. Desenvolvido pela antiga divisão Microsoft Kids, em 1995, o programa era direcionado a crianças, mas muitos adultos se divertiam com ele. A ferramenta permite a criação de animações com elementos tridimensionais, trilhas sonoras, textos até efeitos especiais. Os arquivos resultantes recebem a extensão .3mm. O detalhe mais curioso é que, apesar de o 3D Movie Maker ser bastante antigo e ter sido desenvolvido na época do Windows 95, o programa tem fãs até hoje. O vídeo abaixo, publicado no YouTube em 2009, mostra o 3D Movie Maker em ação:
O 3D Movie Maker e a fonte Comic Sans
Odiada por designers e amada por quem gosta de provocar designers, a Comic Sans está até hoje no ecossistema do Windows. O que pouca gente sabe é que o 3D Movie Maker foi o primeiro programa a usar essa fonte (repare nos menus do vídeo acima). Originalmente, a Comic Sans foi desenvolvida para integrar o Microsoft Bob, um software planejado para tornar o uso do Windows mais fácil. Quando o projeto foi finalizado, a fonte ainda não estava pronta. Porém, os desenvolvedores do 3D Movie Maker tiveram acesso a ela e a incorporaram à ferramenta. Em tempo: o Microsoft Bob foi um grande fracasso, razão pela qual é pouco provável que você tenha ouvido falar dele. Algum tempo depois, a Comic Sans foi incorporada ao Windows 95 por meio do pacote Microsoft Plus!. Como você deve saber, a fonte está no ecossistema do Windows até hoje (gostemos ou não).
Vem aí uma versão “Plus”
A intenção de Foone Turing com o acesso ao código-fonte não é eliminar a Comic Sans do 3D Movie Maker, mas aperfeiçoar a ferramenta. Está em seus planos criar um “3D Movie Maker Plus”, inclusive. Essa versão deve remover o limite de 256 cores da ferramenta original e atualizar o seu mecanismo de renderização, por exemplo.
O que é código-fonte?
Aliás, o renderizador 3D nativo não é da Microsoft. Trata-se do BRender, da Argonaut Software, que foi usado em vários jogos da década de 1990. Entre eles estão Carmageddon e FX Fighter. Turing entrou em contato com o ex-CEO da Argonaut, Jez San. Adivinha o que aconteceu? Pois é, o código-fonte do BRender também foi liberado, novamente sob uma licença MIT. Liberar o código-fonte de ferramentas antigas é o tipo de decisão que eu gostaria que empresas de software tomassem com mais frequência. Isso é útil não só para a criação de projetos derivados, mas para ajudar a quem está aprendendo programação. No caso da Microsoft, ela já fez isso antes. Vide o exemplo do MS-DOS e do Word 1.1a.