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Antes de seguirmos, é importante explicar que qualquer pessoa pode desenvolver mau hálito. Afinal, a causa nem sempre está relacionada com a má higiene bucal e com a falta de escovação diária. Outros problemas podem ser a origem, como questões gastrointestinais, explica a cirurgiã-dentista Bruna Conde, especialista em halitose.
Tipos de mau-hálito que podemos ter
Na odontologia, existem dois principais tipos de mau-hálito: a halitose clínica e a subclínica. Para diferenciar as duas, é preciso considerar quem pode sentir os odores exalados pela boca e pelas narinas de um paciente. A halitose clínica pode ser identificada por pessoas que convivem com o indivíduo com mau-hálito e pode ser facilmente confirmada em uma consulta ao dentista. Aqui, vale destacar que, raramente, o mau cheiro é percebido pela própria pessoa, devido ao processo de fadiga olfatória. O segundo tipo é a halitose subclínica, no qual o odor desagradável é sentido apenas pela própria pessoa. Inclusive, alguns pacientes com este tipo de queixa podem sentir um hálito de fezes ou de carniça na boca. No entanto, a causa deve ser sempre investigada e, às vezes, pode ser provocada por alguma alteração olfativa — ou seja, não é real. “No consultório, temos um aparelho tecnológico capaz de medir e diagnosticar a halitose e distinguir qual a origem do problema”, afirma Conde sobre uma das estratégias para identificar a origem do problema. A seguir, confira os três problemas que podem, eventualmente, provocar o hálito de fezes na boca:
1. Doença periodontal pode provocar o hálito de fezes na boca
Na halitose de origem bucal, quando o cheiro se assemelha a fezes, a dentista Conde explica que o mau odor pode ser liberado por compostos orgânicos ou sulforados voláteis, decorrentes da doença periodontal, como casos de gengivite ou periodontite. Nessas condições, os tecidos da boca entram em estado de putrefação e as bactérias — que produzem os cheiros ruins, através dos componentes sulfatados — se concentram no local. Aqui, raramente, o mau-hálito tem realmente cheiro de fezes, sendo mais uma percepção. Algumas pacientes também têm a doença, mas sem a halitose.
2. Problemas intestinais podem provocar cheiro de cocô na boca
Como adiantamos, nem sempre a causa do mau hálito e do cheiro de cocô na boca pode ser provocada por problemas intestinais, como casos de prisão de ventre. Nessas circunstâncias, o bolo fecal não eliminado produz compostos que serão absorvidos pela corrente sanguínea. Em seguida, estes compostos são eliminados pelos pulmões, provocando a halitose. “Quando a halitose sai pela boca e pelas narinas na mesma intensidade ou muito semelhante com odor de fezes, há, sim, que se investigar algum transtorno gastrointestinal", explica a dentista. Isso porque “os compostos orgânicos indol, escatol e sulforados como o dimetilsulfeto e a metilmercaptana, podem sair pela respiração nasal ou bucal. Nesses casos, o tratamento é multidisciplinar [envolvendo médico e dentista]”, acrescenta. Além da prisão de ventre, a condição pode ser provocada por doenças no esôfago, casos de refluxo e doenças no fígado — só que, neste último caso, a queixa mais comum é do hálito com cheiro de acetona.
3. Questões de saúde e doenças impactam o hálito
Por fim, o mau hálito com cheiro de fezes pode ser provocado por outras doenças e nem sempre a percepção do cheiro é fidedigna ao que realmente é. Nesse sentido, Conde destaca quatro doenças e os tipos de halitose característicos:
Diabetes descompensado: paciente apresenta hálito cetônico, com odor de fruta passada; Insuficiência renal: odor de ureia ou urina; Insuficiência hepática: odor de terra molhada ou de rato; Câncer: odor de necrose (coisa morta).
Para manter a saúde da boca em dia, “fique atento a esses sinais e a mudanças na coloração ou aspecto da sua boca. No caso de anormalidades, procure um profissional capacitado”, aconselha a dentista. Além disso, é importante manter a escovação diária, usar o fio dental e programar visitas regulares ao dentista.