Ao “respirar”, bactéria misteriosa consegue gerar material usado em eletrônicosNovo dispositivo eletrônico é capaz de “aprender” tal qual o cérebro humano
Segundo os cientistas, esse relógio inteligente, literalmente vivo, só funciona quando o organismo está saudável, exigindo que o usuário alimente o dispositivo como se estivesse cuidando de um bichinho de estimação que precisa de cuidados constantes. “Ao usar o mofo para fazer o relógio funcionar, percebemos que o fato dele estar vivo afeta diretamente a relação do usuário com a tecnologia, transformando um serviço unidirecional usual em uma parceria mutuamente benéfica”, explica a estudante de engenharia Jasmine Lu, coautora do projeto.
Relógio “vivo”
Os smartwatches foram projetados para contar as horas e medir a frequência cardíaca do usuário. É justamente essa segunda função que depende da saúde e das características únicas do bolor chamado Physarum polycephalum, uma espécie conhecida por seu rápido crescimento, resiliência e habilidades para resolver labirintos. Ao ser colocado dentro do relógio, o usuário precisa alimentá-lo regularmente com uma mistura de água e aveia para induzir seu crescimento. Quando o mofo atinge o tamanho ideal, ele completa um circuito elétrico que ativa o recurso de monitoramento dos batimentos cardíacos. “Além disso, o bolor também pode entrar em estado de dormência quando não é alimentado, permitindo que ele hiberne por dias, meses ou anos, até ser acordado pelo usuário e voltar a funcionar”, acrescenta o professor do Departamento de Interação Humano-Computador Pedro Lopes, autor principal do estudo.
Relação afetiva
Durante os testes realizados em laboratório, voluntários usaram o relógio inteligente por duas semanas. Na primeira, os usuários cuidaram do bolor limoso até que o monitor de frequência cardíaca fosse ativado. Já na segunda semana, eles forem instruídos a parar de alimentar o mofo. Segundo os cientistas, os resultados mostraram um alto nível de apego ao relógio, com alguns usuários dando nomes ao dispositivo e dizendo que ele se parecia com um animal de estimação. Eles também disseram que a conexão com o smartwatch era mais significativa do que com bichinhos virtuais como os Tamagotchis que podem ser reiniciados quando “morrem”. “Esperamos que a pesquisa não apenas inspire novos dispositivos criativos que funcionam com o poder do bolor limoso, mas também provoque designers a criar tecnologias que inspirem apego e benefício mútuo, para fazer com que os dispositivos pareçam menos ferramentas descartáveis e mais parceiros de seus usuários”, encerra Jasmine Lu. Fonte: Uchicago