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FBI investiga “máfia” de brasileiros que enganava Uber
A declaração de Aguiar é o mais novo capítulo da investigação do Departamento de Justiça (DoJ) e do FBI (Federal Bureau of Investigation) sobre uma “máfia” de brasileiros que criava perfis falsos em plataformas como Uber, Lyft e Doordash. Segundo as autoridades, Aguiar e outros 18 brasileiros que moram nos EUA roubavam dados de vítimas e usavam documentos forjados para criar perfis falsos de motoristas e entregadores de aplicativo. Essas contas eram compradas por pessoas que não passariam dos requisitos das plataformas, como no caso da Uber, para alugar um carro e transportar passageiros. Em dezembro, outro brasileiro que participou do esquema, Flávio Cândido da Silva, 36, confessou à Justiça que recebeu cerca de US$ 200 mil por vender perfis falsos para motoristas de Uber, Lyft, entre outros. De acordo com documentos reunidos pelo DoJ, a quadrilha de brasileiros se comunicava por um grupo de WhatsApp chamado “Máfia”. Os criminosos formaram uma rede de entregadores e motoristas parceiros que auxiliavam nas atividades da quadrilha. Havia brasileiros participando de Massachusetts, Florida e California, do outro lado dos EUA.
Brasileiro usou dark net para roubar dados de vítimas
Wemerson Dutra Aguiar confirmou em sua declaração que o grupo retirava informações da dark net, um espaço da deep web. O brasileiro admitiu que essa era uma das fontes de extração de dados da Previdência Social dos EUA. Além disso, ele mencionou que pagou comparsas para alterar as fotos de carteiras de motoristas de vítimas, mantendo as informações originais, para forjar documentos falsos. Os parceiros da quadrilha chegavam a se envolver propositalmente em acidentes para fotografar identidades de vítimas. Durante a entrega de bebidas alcóolicas por meio de delivery, os criminosos tiravam fotos dos documentos do cliente para “checar a idade”. Essas informações também eram usadas para cometer fraudes. Aguiar colocava as licenças falsas à venda — processo que era feito por boca a boca ou pelo WhatsApp. O público-alvo, segundo o DoJ, eram outros brasileiros vivendo nos Estados Unidos. Aguiar disse que faturou US$ 375 mil com o esquema entre junho de 2019 e janeiro de 2021. Caso Aguiar seja condenado, ele pode ser sentenciado a uma pena de 20 anos de prisão em regime fechado, três em regime aberto sob supervisão e a pagar uma multa de US$ 250 mil. O valor da punição pode chegar ao dobro do prejuízo às vítimas ou lucro obtido com o esquema. O Departamento de Justiça já prendeu outros 16 integrantes da “máfia” de brasileiros contra Uber, Lyft e outros apps. Três suspeitos continuam foragidos.